![Luiz Fernando da Silva, 16 anos.](/sites/default/files/2023-09/IMG-2851_0.jpg)
Liderança juvenil e conscientização sobre a coleta de lixo no quilombo de Alto Alegre, em Horizonte (CE)
O estudante Luiz Fernando da Silva, de 16 anos, foi um dos 99 participantes do encontro promovido pelo UNICEF sobre “Mudanças Climáticas, Alimentação Saudável e Arbovirose”, em Fortaleza (CE), nos dias 16 e 17 de agosto. Remanescente da comunidade quilombola de Alto Alegre, do município cearense de Horizonte, ele encontrou no Núcleo de Cidadania de Adolescentes (NUCA) um espaço de diálogo com outros meninos e meninas da região. Foi nesse contexto que o adolescente se engajou nas ações do #EntreNoClimaUNICEF, participando de rodas de conversa online e presenciais sobre alimentação saudável promovidas pela APDMCE e do I Encontro Estadual de Adolescentes pelo Clima, realizado no Parque do Cocó, em janeiro deste ano, na capital cearense.
![Luis Fernado da Silva, 16 anos.](/sites/default/files/inline-images/IMG-2851.jpg)
Além da atuação no NUCA, Fernando participa do Programa Agente Jovem Ambiental (AJA), iniciativa implementada pelo Governo do Ceará com foco na atuação de adolescentes e jovens em projetos socioambientais dos 184 municípios do estado. “O trabalho do AJA é conscientizar as pessoas a cuidar do nosso meio ambiente, mas também fazer ações como o plantio de mudas”, explica. Matriculado no segundo ano do ensino médio na Escola Quilombola Antônia Ramalho da Silva, em Alto Alegre, ele conta que a coleta de lixo está entre os principais gargalos ambientais da sua comunidade. “Muita gente deixa (os resíduos) em qualquer lugar. Quando alguém joga o lixo (fora do local adequado), já polui o ar que a gente respira, principalmente para as pessoas que têm problemas respiratórios”, reflete, avaliando que o #EntreNoClimaUNICEF, a partir das ações do NUCA, proporciona importantes momentos para debater e pensar soluções locais.
O adolescente integra uma das famílias de descendentes de Negro Cazuza, que deu início, por volta de 1890, ao quilombo onde Fernando vive ao lado da mãe, funcionária pública, e do pai, que é pedreiro. Cazuza foi um homem negro que chegou escravizado à Barra do Ceará, bairro da orla da capital cearense, e fugiu para o município de Pacajus, limítrofe a Horizonte, ambos na Região Metropolitana de Fortaleza. Ele percorreu um trajeto de mais de 50 quilômetros a pé, sem conhecer o destino de origem. Lá chegando, foi capturado e brutalmente castigado. Ao ser liberto, casou-se com uma mulher indígena paiacu, dando origem à família da qual se origina Fernando, quatro gerações depois. A comunidade conta hoje com a Associação dos Remanescentes de Quilombos de Alto Alegre e Adjacências (Arqua), que mantém o Centro Cultural Quilombola Negro Cazuza, ponto de visita para estudantes, pesquisadores e turistas.
Entusiasta das atividades do NUCA, Fernando encontrou no Núcleo um espaço de diálogo com outros meninos e meninas do município. “É muito bacana conviver com outros jovens e conhecer pensamentos semelhantes aos nossos, outros diferentes… Entrei no NUCA no ano passado (2022) e logo fui tendo contato com outros projetos”, diz. Entre os temas debatidos no município, ele destaca o debate sobre diversidade sexual, explicando que muitos adolescentes ainda enfrentam a exclusão social e familiar ao se reconhecerem como sujeitos LGBTQIAP+. Das ações promovidas pelo UNICEF, também ressalta a importância das orientações sobre oportunidades de estágio e acesso ao primeiro emprego, iniciativas implementadas a partir do programa 1 Milhão de Oportunidades (1MiO).