Ativismo ambiental: aprendizado em família e ação comunitária em defesa do Rio Mundaú, no Ceará

Arielle Lígia Santos da Silva, 16 anos.

Ativismo ambiental: aprendizado em família e ação comunitária em defesa do Rio Mundaú, no Ceará

 

O respeito pela natureza e a responsabilidade com a preservação do local onde mora acompanham a trajetória de Arielle Lígia Santos da Silva, de 16 anos, desde criança. Residente de Canaã, distrito de Trairi, no Litoral Oeste do Ceará, ela resgata na memória a primeira ação da qual participou. “Eu tinha seis, sete anos de idade e participei de um projeto para catalogar espécies marinhas em extinção”, recorda. Essa foi uma das muitas atividades nas quais esteve presente ao lado do padrasto, Célio Alves Ribeiro, biólogo, professor da rede estadual de ensino e liderança ambiental na região. Aos 14 anos, ela expandiu sua atuação ao integrar o Núcleo de Cidadania de Adolescentes (NUCA), onde debate temas de sua comunidade e realiza ações de conscientização ambiental.
 

Arielle Lígia Santos da Silva, de 16 anos.

Conforme explica Arielle, as ações do #EntreNoClimaUNICEF, projeto que dá luz ao tema das mudanças climáticas e à formação de jovens lideranças ambientais, resultaram numa parceria entre os NUCAs de Uruburetama e Trairi visando à preservação do Rio Mundaú, que nasce no primeiro e deságua no segundo. As mobilizações, que ocorrem regularmente, envolvem os adolescentes, com apoio dos moradores, para a limpeza da orla do rio e retirada dos resíduos, já que o local acumula uma grande quantidade de lixo. Também são promovidas palestras e rodas de conversa para sensibilizar a população sobre a coleta e o descarte adequados de lixo e o seu impacto para o meio ambiente.

O primeiro contato com o NUCA de Trairi, formado por 36 adolescentes, ocorreu a partir da mãe de Arielle, Cristina Maria da Silva Ribeiro, professora de matemática da rede municipal, também entusiasta das ações de preservação ambiental planejadas dentro de casa. Ela ouviu falar sobre a iniciativa do UNICEF e conversou com a filha, que logo se interessou pela proposta. “Hoje nós temos ações coletivas e individuais (na comunidade de cada adolescente), coletando lixos, olhando focos de mosquito da dengue, retirando água parada. Já realizamos também ações de doações de plantas frutíferas e não frutíferas”, cita a adolescente, detalhando a atuação do NUCA.

Das atividades que realizou juntamente com a família, a que mais lhe marcou foi uma ação de reflorestamento do mangue de Mundaú, em fevereiro de 2018. A iniciativa  foi viabilizada por meio de parceria com uma empresa privada e envolveu a comunidade e estudantes de escolas de Trairi. Para o futuro, Arielle sonha em cursar a graduação em Engenharia Ambiental e seguir no ativismo ambiental, utilizando os conhecimentos adquiridos na universidade em benefício de sua comunidade.

Arielle Silva é estudante do 1º ano do ensino médio da Escola Profissional José Ribeiro Damasceno, que fica em Trairi. Para assistir às aulas, pega o ônibus escolar todos os dias e percorre cerca de meia hora de estrada. Ela foi uma das 99 participantes do II Encontro Estadual de Adolescentes pelo Clima, que teve como tema “Mudanças Climáticas, Alimentação Saudável e Arbovirose”, em Fortaleza (CE), nos dias 16 e 17 de agosto. Além do NUCA e do engajamento em projetos de preservação do meio ambiente, ela participa da Rede Peteca – Prevenção e Combate ao Trabalho Infantil, projeto desenvolvido pelo Ministério Público do Trabalho do Ceará (MPT-CE) em parceria com outras entidades.