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O curso on line reuniu técnicos de vários estados do Semiárido e Amazônia Legal

Projeto “Promover para Prevenir em Saúde Mental” oferece apoio aos profissionais que atuam na garantia dos direitos de crianças e adolescentes no Território Amazônico e Semiárido brasileiro 

Tendo em conta os impactos do contexto de pandemia da Covid-19, é prioridade a manutenção da saúde mental e bem-estar de crianças e adolescentes, especialmente daquelas e daqueles que se encontram em situação de maior vulnerabilidade. Nesse aspecto, tornam-se necessários também os cuidados com os profissionais que atuam para a garantia dos direitos de meninas e meninos. Sendo assim, o UNICEF, em parceria com a Associação pela Saúde Emocional de Crianças (ASEC) e o Instituto Peabiru, iniciou, na primeira semana de agosto, uma programação de atividades que fortalecem e instrumentalizam profissionais das áreas de saúde, assistência social e educação. 

De acordo com Joana Fontoura, Oficial de Desenvolvimento e Participação de Adolescentes do UNICEF, embora as crianças e os adolescentes não sejam as principais vítimas fatais da pandemia do Coronavírus, elas têm sofrido muitos impactos emocionais, perdas e mudanças em suas rotinas. Segundo a oficial, a promoção de saúde mental faz com que as crianças e adolescentes conheçam e reconheçam suas emoções, suas habilidades socioemocionais e fortaleçam suas condições de prevenir o sofrimento emocional e os transtornos emocionais.

“A alteração nas escolas, seja pelo fechamento de algumas, seja pelo ensino on-line, o isolamento social e a distância dos amigos são alguns aspectos do dia a dia que mudaram, durante a quarentena”, explica Joana Fontoura. “As consequências na saúde mental e no bem estar das crianças e adolescentes são aspectos que preocupam o UNICEF e que motivaram a realização do curso Promover para prevenir em saúde mental”.

Dentro do projeto “Saber Lidar”, mais de 400 participantes se reúnem, on-line, para a aprendizagem de abordagens qualificadas para a promoção da saúde mental, emocional e direitos humanos. Ao todo, representantes de 48 municípios do Selo UNICEF no Território Amazônico e Semiárido participam, divididos em quatro turmas. A programação teve início, com o primeiro encontro, na última quarta-feira (5) e segue, ao longo de todo o mês de agosto, às quartas (turmas 1 e 2) e quintas (turmas 3 e 4).

“No intuito de fortalecer as políticas públicas de atendimento psicossocial de adolescentes nos municípios que participam do Selo UNICEF, esse curso é focado nos profissionais da rede pública que atuam com adolescentes, seja da área de saúde, da educação, da assistência social. É de suma importância acolher também os profissionais que estão na linha de frente, para que possam  ser ouvidos e amparados”, complementa a Oficial de Desenvolvimento e Participação de Adolescentes do UNICEF.

ESCUTA

Por meio de técnicas de escuta ativa e de atividades de fortalecimento da saúde emocional de adolescentes, o curso oferece ferramentas para um melhor atendimento de adolescentes que estejam em sofrimento emocional durante a pandemia e também depois dela. Depois de concluído o curso, os profissionais deverão compartilhar os ensinamentos com os adolescentes dos Núcleos de Cidadania dos Adolescentes (NUCAs) nos municípios do Selo UNICEF.

Juliana Fleury, CEO Voluntária e Presidente da ASEC Brasil - fundadora e líder do Movimento Saber Lidar, explica que a estrutura técnica foi pensada de modo que o espaço virtual se aproxime ao máximo do acolhimento presencial. Segundo ela, a ASEC privilegiou o acolhimento aos profissionais, dando a eles, mesmo virtualmente, espaço para compreensão do conceito integral de saúde e de como estão lidando com a pandemia para si, nas suas famílias e comunidades.

“Como temos o foco de trabalho centrado na pessoa, é um desafio não estar com eles de modo presencial, mas quisemos criar um ambiente virtual mais acolhedor possível”, argumenta. “A nossa plataforma virtual, no Zoom, foi pensada para usar todos os recursos de salas de aula e grupos de trabalho, de modo a promover um espaço que fosse o mais próximo do presencial. Ao mesmo tempo, criamos os grupos de Whatsapp para suporte e apoio a todos os participantes”.

Para a ASEC Brasil, poder atender e acolher esse público, dando a eles formação e informação sobre a promoção de saúde mental de adolescentes, é fundamental. 

“Precisamos ousar a atender, da melhor forma possível”, pondera. “Houve um desdobramento da equipe e preparo, de forma intensa e cuidadosa, para que no fim os profissionais saiam do curso emocionalmente acolhidos, sabendo que podem lidar com seus adolescentes de uma nova maneira, abertos  ao acolhimento, entendendo o fluxo de atendimento e ainda mais confortáveis e seguros para atuarem”, conclui.

PARCERIA

Segundo Edgar Barra, Consultor para a Mobilização de Adolescentes no Selo UNICEF, pelo Instituto Peabiru, é fundamental que os cursistas levem os conhecimentos adquiridos até os adolescentes.

“A nossa programação é por eles e, assim, acolhemos os profissionais que estão na linha de frente, nesse atendimento”, comenta. “Temos vários inscritos que são diretores de escolas, profissionais atuantes nos CRAS (Centros de Referência de Assistência Social) e nos CREAS (Centros de Referência de Assistência Social), por exemplo. Para a efetividade do projeto, esperamos que as crianças e adolescentes sejam alcançados e que superem a pandemia com seus direitos garantidos e, sobretudo, com saúde mental. Essa é a nossa grande torcida”.

Após o primeiro encontro, a expectativa de Wandinha Soares, Mobilizadora de Adolescentes do Selo UNICEF no município de Alto Alegre do Pindaré (MA), é de que o curso auxilie na execução de um trabalho eficaz junto às crianças e adolescentes. Para ela, a aprendizagem consiste na troca de conhecimentos e o curso se mostra uma grande oportunidade para os participantes.

“É preciso aprender, para que possamos transmitir conhecimentos”, comentou Wandinha. “Foi ótimo interagir com pessoas de outras cidades e estados, e ouvir que enfrentam dificuldades semelhantes às minhas. Senti-me acolhida e aprendi bastante sobre saúde mental, temática fundamental para o debate nesses tempos que vivenciamos”, finaliza. 

Maria José da Silva Leite, Supervisora de Serviços e Programas da Política do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e Coordenadora da Vigilância Socioassistencial no município de Gurupi (TO), destaca a importância da escuta ativa para se manter saudável e melhor atuar na garantia dos direitos de crianças e adolescentes:

“Nesse período de pandemia, o curso vem para cuidar de quem cuida”, acredita. “Somos cuidadores de crianças e adolescentes e, da forma que estamos, estão as nossas meninas e meninos. Quando você não está bem, é preciso procurar um profissional. O curso nos proporciona essa escuta”, conclui. 

O Projeto “Promover para Prevenir em Saúde Mental” inclui, ainda, a elaboração e diagramação de um guia e fluxo de atendimento, atividades e sugestões de atividades para a proteção da saúde mental de adolescentes.
 

Texto: Lorena Araújo, Instituto Peabiru.