Com uma agenda focada na melhoria das políticas públicas de saúde para meninas e meninos dos municípios inscritos no Selo UNICEF, este ciclo de capacitação reforçou o convite aos representantes municipais da área. Os técnicos e gestores responderam com uma presença massiva em todos os estados. Foi assim que Luana Andrade, técnica de enfermagem de Buíque, acompanhou a formação no polo de Arcoverde, em Pernambuco, pela primeira vez.
Luana participou atenta e ativamente durante o dia de formação e relatou que iria voltar ainda mais motivada para “fazer acontecer” em seu município. Ela elogiou a dinâmica da capacitação, que dividiu os participantes em grupos para avaliar alguns estudos de caso, relacionados aos resultados sistêmicos da metodologia do Selo UNICEF. O grupo dela avaliou o estudo de caso referente ao Resultado Sistêmico 10 – Primeira Infância valorizada como prioridade na agenda de políticas públicas. E, na apresentação, ela fez um relato emocionado, que tocou os participantes.
A história de Maria, uma bebê nascida de pais adolescentes, que enfrentou diversas dificuldades no acesso a serviços de saúde, repercutindo no desenvolvimento da menina, era o enredo do caso. Luana se identificou e compartilhou com o grupo sua emoção. “Aquele desfecho poderia ter sido o meu. Eu não tinha informação e engravidei aos 15 anos. Por sorte, tive um filho saudável, casei e estamos juntos até hoje. Mas eu poderia ter adquirido uma DST ou ter seguido outro caminho”, ponderou.
O grupo da técnica de enfermagem criou um tipo de jogral para falar da falta de ação e integração entre as áreas de saúde, educação e assistência social. “Quando fomos lendo o caso, a minha história voltou. Minha mãe dizia que se eu me perdesse, não voltaria para casa. De rebeldia, fui e acabei engravidando. Não tinha informações seguras para prevenir”, contou, reforçando que não encontrou espaço para conversar sobre sexualidade em sua casa quando era adolescente e não tinha acesso aos serviços de saúde.
“Minha sorte foi que minha mãe mudou de ideia e me apoiou. Mas foi difícil”, comentou. Sobre a capacitação, Luana disse que estava ainda mais incentivada a fazer a diferença na gestão e na vida das pessoas. “A gente recebe muito conteúdo, mas de uma forma tão didática que não fica chato e facilita a compreensão. Não vejo a hora de repassar para os colegas”, ressaltou Luana, comentando que ia sugerir o próprio estudo de caso para iniciar uma avaliação local.
Selo UNICEF - Nos últimos três meses, os encontros de capacitação aconteceram em 38 polos regionais, reunindo gestores e técnicos de 1924 municípios inscritos no Selo UNICEF no Semiárido e na Amazônia. Nos estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte, os encontros reuniram cerca de 2 mil pessoas, entre secretários municipais de saúde, educação e assistência social, além de técnicos das três áreas. Muito prefeitos também prestigiaram as formações.
Os municípios participantes da iniciativa assumiram, junto ao UNICEF, o compromisso de implementar políticas públicas para redução das desigualdades e garantir os direitos das crianças e dos adolescentes previstos na Convenção sobre os Direitos da Criança e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A experiência com as edições anteriores comprova que os municípios certificados avançam mais na melhoria dos indicadores sociais do que outros municípios de características socioeconômicas e demográficas semelhantes que não foram certificados ou participaram da iniciativa.
Sobre o UNICEF
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) promove os direitos e o bem-estar de cada criança em tudo o que faz. Com seus parceiros, trabalha em 190 países e territórios para transformar esse compromisso em ações concretas que beneficiem todas as crianças, em qualquer parte do mundo, concentrando especialmente seus esforços para chegar às crianças mais vulneráveis e excluídas. Visite www.unicef.org.br.