UNICEF, Acre, Amazonas e Cosems contra a paralisia infantil
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em parceria com Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems), Governos do Acre e Amazonas e a organização não governamental Visão Mundial, realiza na próxima quarta-feira, 5/4, às 11h30 (horário de Brasília), o webinário “Acre e Amazonas contra a Paralisia Infantil”, no canal do UNICEF Brasil no YouTube. O encontro virtual tem como objetivo sensibilizar gestores, técnicos e lideranças comunitárias dos municípios desses estados, especialmente os que se encontram na faixa de fronteira, sobre o cenário da baixa cobertura vacinal e o risco de reintrodução da poliomielite no Brasil, depois de 34 anos sem nenhum caso no País.
Conforme dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, a partir de 2015, as coberturas vacinais começaram a cair no Brasil, colocando o País em alerta para o perigo do retorno de doenças evitáveis. A cobertura da vacinação contra a poliomielite caiu de 98,3%, em 2015, para 70,2%, em 2021. Além da queda da imunização, verifica-se, entre os povos indígenas, uma proporção menor de pessoas com esquema vacinal completo, somada à subnotificação, gerando informações incompletas pela dificuldade de acesso da atenção à saúde em vários territórios.
“Para o UNICEF, é fundamental garantir a vacinação e, consequentemente, reverter o baixo índice de cobertura vacinal, principalmente, da população indígena, em especial das crianças. Também, identificar, registrar e monitorar as crianças não imunizadas, impedindo que doenças graves e risco de mortalidade afetem essa população, como o sarampo e a paralisia infantil. A situação é de alerta depois de um caso confirmado no Peru. Vamos reforçar a nossa atenção e apoio para que os municípios dos estados do Acre e Amazonas, prioritariamente os fronteiriços, garantam uma cobertura vacinal assertiva. O UNICEF desenvolveu a Busca Ativa Vacinal [BAV] estratégia para apoiar municípios, contribuir no aumento da cobertura vacinal e atingir as metas preconizadas, fortalecendo a resposta imune individual e coletiva”, declarou Antônio Carlos Cabral, especialista em Saúde e HIV do UNICEF.
Em 21 de março de 2023, foi confirmado um caso de paralisia infantil no Peru. O caso corresponde a um menino de 16 meses de idade, residente de uma comunidade indígena na província de Del Datem del Marañón, na região de Loreto, no Peru, que faz fronteira com o Brasil. Como alguns municípios do Acre e Amazonas estão em faixa de fronteira, isso produz alertas importantes, pois a equipe municipal tem o papel fundamental de impedir que a paralisia infantil seja reintroduzida no Brasil.
O UNICEF, em diálogo com o Ministério da Saúde, Distritos Sanitários Especiais Indígenas, os Governos do Acre e do Amazonas, Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems) e outros parceiros, tem buscado discutir estratégias e fortalecer a barreira sanitária para impedir a entrada da paralisia infantil pela fronteira. Para isso, é preciso garantir, em caráter de urgência, que a cobertura vacinal seja ≥95% para que as comunidades urbanas e rurais – ribeirinhas, indígenas, quilombolas e outras – estejam protegidas.
Baixa cobertura vacinal – Dados do Ministério da Saúde do Brasil demonstram o declínio significativo na cobertura vacinal de menores de 5 anos em todo o Brasil nos últimos anos e agravada durante a pandemia de covid-19. Como consequência, foram registrados casos de sarampo e estima-se que a poliomielite, doença que causa a paralisia infantil, também corra o risco de voltar ao País.
O atual cenário de baixa cobertura abre as portas do Brasil para o retorno da paralisia infantil. Por isso, faz-se necessário e urgente um esforço coletivo de todos os níveis de governo e sociedade, para garantir o direito a vacinação de cada criança brasileira. A paralisia infantil é uma doença grave, não tem tratamento e com riscos de graves sequelas pelo resto da vida, necessitando para sempre da assistência nos serviços de saúde. Das crianças que desenvolvem a forma mais grave da doença, 5% a 10% morrem em virtude da paralisia dos músculos da respiração.
UNICEF e campanhas – No dia 26 de janeiro deste ano, ocorreu o lançamento da campanha de vacinação com as assinaturas “Vá sim, vacine! Ame, proteja, vacine nossas crianças” e “Vacinas protegem, vacinas salvam vidas. Vacinas honram os parentes e os ancestrais. Vacina, Parentinho!”. A campanha está sendo utilizada para engajar as equipes municipais dos 2.023 municípios brasileiros que aderiram ao Selo UNICEF, onde vivem mais de 17 milhões de crianças e adolescentes e mais de 500 mil indígenas, bem como organizações indígenas e equipes de saúde indígena, contribuindo, assim, para o aumento da cobertura vacinal.
“Estamos em um intenso trabalho de mobilização dos estados do Acre e Amazonas em parcerias com os governos federal, estadual e municipais, para evitarmos a reintrodução da paralisa infantil no Brasil. Manteremos e reafirmaremos um agenda pela infância e adolescência como prioridade. Para o UNICEF, prevenir a disseminação de doenças e também evitar o adoecimento e morte que são evitáveis de nossas crianças é fundamental”, explica Debora Nandja, chefe do escritório do UNICEF em Manaus.