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Municípios mineiros apostam em criatividade para enfrentar evasão escolar e distorção idade-série

Dois dos maiores desafios da educação pública brasileira são a evasão escolar e a distorção idade-série. Dados da PNAD apontam que, somente em Minas Gerais, 239.162 crianças e adolescentes estavam fora da escola em 2015, valor que representava 5,8% do total de meninas e meninos em idade escolar, ou seja, de 4 a 17 anos. Já a distorção idade série atinge 59.811 (4,3%) crianças e adolescentes na mesma faixa etária, segundo o INEP.

Estes foram alguns dos temas abordados durante o 2o. Ciclo de Capacitação do Selo UNICEF em Minas Gerais, realizado pelo UNICEF e parceiros. Os encontros aconteceram no começo de dezembro em Araçuaí (11/12) e Montes Claros (13/12) e reuniram gestores das áreas de educação, saúde e assistência social, articualdores e mobilizadores do Selo UNICEF, para debater estes e outros desafios na implementação das políticas públicas voltadas para a garantia dos direitos de crianças e adolescentes do semiárido brasileiro.

Durante a capacitação em Montes Claros, a adolescente integrante do NUCA de Catuti, Ana Rita, emocionou e provocou a reflexão de todos os presentes com uma profunda análise a respeito dos desafios enfrentados pelos adolescentes para se manterem nas escolas. Ela citou o trabalho infantil e o desinteresse pelo modelo de educação que é executado em muitos municípios como alguns dos principais desafios presentes na realidade dos adolescentes e jovens de seu município. “Se o ensino não for provocativo, o aluno não vê a necessidade de estudar. Por isso, quando o Selo UNICEF traz esses movimentos, essas ideias novas, para as escolas é tão importante: para tornar o ensino mais provocativo”, opinou.

Ana Rita avaliou ainda a importância da intersetorialidade na execução da política de educação e destacou o papel fundamental da educação não apenas para o desenvolvimento pessoal de cada criança e de cada adolescente, mas para o desenvolvimento do nosso país. “Vivemos num país tão desigual. O Brasil é o sexto país em desenvolvimento econômico, mas ocupa a 66ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano. Como isso acontece?”, quenstionou a adolescente, respondendo, ela mesma, em seguida: “A educação é uma das únicas formas de acabar com a desigualdade do país”, completou.

Experiência exitosas
Para reduzir a distorção idade-série da rede pública, o município de Turmalina apostou no reforço escolar aliado a uma metodologia diferenciada: a professora Vanda, do distrito de Caçaratiba, montou uma tenda lúdico-educativa no pátio da Escola Municipal Mestre Celina, onde os estudantes estudam e aprendem. “Eles constroem o que vão aprender naquele momento e expõem os resultados das atividades que desenvolvem. É uma atividade prazerosa que tem dado certo”, explicou a articuladora.

Outra proposta educacional que pretende atrair adolescentes e jovens para a escola vem sendo desenvolvida no município de Capelinha. Trata-se do projeto piloto “Ponto com você”. A articuladora do Selo UNICEF conta que foi escolhida uma região da cidade que concentra população em situação de vulnerabilidade social para acolher o projeto.

“A gente pontuou que trabalhar com a metodologia de palestras não é mais algo atraente. Então, a gente traz, neste projeto, metodologias como oficinas de dança, capoeira, diversas oficinas temáticas como o combate às drogas e ao trabalho infantil. O projeto está sendo feito no processo de construção coletiva, ouvindo a comunidade escolar, ouvindo os anseios dos adolescentes”, explica a articuladora.

Saúde e participação dos adolescentes 
O 3º Ciclo de Capacitação do Selo UNICEF incluiu ainda orientações para políticas de tratamento adequado da sífilis congênita, para evitar que mães transmitam a doença para seus filhos durante a gravidez, e relatos de experiência dos Núcleos da Cidadania dos Adolescentes (NUCAs) instalados nos municípios participantes.

O Selo UNICEF
A Edição 2017-2020 do Selo UNICEF conta com a participação de mais de 1.924 municípios de 18 estados brasileiros, na Amazônia e no Semiárido. Seu sucesso é resultado da parceria entre o UNICEF e governos estaduais e municipais por meio da atuação integrada entre diferentes níveis de governo voltados às crianças e adolescentes.

Alcançar os mais de 1.900 municípios que participam do Selo UNICEFhttp://www.selounicef.org.br só é possível graças ao apoio de milhares de doadores individuais e de parceiros corporativos como Amil, Instituto Net Claro Embratel, Fundação Itaú Social, RGE, Enel, Coelba, Cosern, Celpe, BNDES, CPFL, Sanofi, Neve, Energisa, Celpa e Cemar. Mais informações sobre o Selo UNICEF em www.selounicef.org.br.

Sobre o UNICEF - O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) promove os direitos e o bem-estar de cada criança em tudo o que faz. Com seus parceiros, trabalha em 190 países e territórios para transformar esse compromisso em ações concretas que beneficiem todas as crianças, em qualquer parte do mundo, concentrando especialmente seus esforços para chegar às crianças mais vulneráveis e excluídas. Saiba mais em http://unicef.org.br/