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Ações da Busca Ativa Escolar em Tapauá fortalece a campanha “Criança Fora da Escola Não Pode”

 

O município amazonense realizará o Dia D da campanha, no dia 10 de março, para sensibilizar pais e responsáveis de crianças e adolescentes
O município amazonense realizará o Dia D da campanha, no dia 10 de março, para sensibilizar pais e responsáveis de crianças e adolescentes (Foto: Secretaria Municipal de Educação de Tapauá)

 

Mais de 550 profissionais, entre professores, gestores, pedagogos e secretários das escolas municipais de Tapauá lançaram a campanha “Criança Fora da Escola Não Pode”, a fim de sensibilizar pais e responsáveis de crianças e adolescentes do município, para alcançarem o maior número de alunos que estão fora da escola. A campanha foi lançada no dia 06 de fevereiro, mas os trabalhos irão ocorrer durante o ano todo. E no dia 10 de março será realizado o Dia D, como forma de intensificação da campanha.

“Desde a pandemia temos notado em nosso município a redução do interesse dos pais em manter ou matricular os filhos na escola. Nos últimos anos, as matrículas na rede municipal diminuíram. Diante disso, ficamos convictos da necessidade de promover ações que intensifiquem as matrículas e, sobretudo, que os matriculados permaneçam na escola. Com a campanha lançada, a estratégia é que a cada bimestre faremos o levantamento dos alunos que estão ausentes e posteriormente iremos procurá-los. Em relação a 2022, já aumentamos em mais de 200 alunos matriculados, se conseguirmos aumentar em 50% esse total ficaremos extremamente satisfeitos”, explica Abraão Ferreira Zuza, coordenador operacional da Busca Ativa Escolar em Tapauá.

Matheus Rangel, Oficial de Educação do UNICEF, explica que necessário trabalhar de forma intersetorial para buscar crianças e adolescentes que estão foram da escola. “O trabalho intersetorial da gestão municipal é fundamental para que as causas da exclusão escolar sejam combatidas”. Além da intersetoriedade, Matheus esclarece que a Busca Ativa Escolar precisa também do engajamento da população em ações de mobilização comunitária, focadas para a identificação de meninos e meninas fora da sala de aula . “O trabalho feito em Tapauá, no Amazonas, é um exemplo de como integrar o comprometimento da gestão pública em identificar crianças e adolescentes que estão fora da sala de aula, além de promover as rematrículas, acionar outros serviços como assistência social, saúde e da proteção para garantir plenamente os direitos e a permanência na escola de crianças e adolescentes em vulnerabilidade. Esse trabalho ainda produz diagnósticos consistentes para tomada de decisão sobre a exclusão escolar”, afirma.

Trabalho intersetorial

Para a primeira medição de (re) matrículas da Busca Ativa Escolar (BAE) para o Resultado Sistêmico 2 do Selo UNICEF, que deve ser entregue até dia 31 de maio de 2023, o município de Tapauá tem a meta de rematricular 93 alunos. Para conseguir alcançar esse resultado de forma mais assertiva, no dia 10 de março o município realizará o Dia D da campanha “Criança Fora da Escola Não Pode”, a qual será uma mobilização geral envolvendo todos os profissionais da educação da área urbana. Ainda de acordo com o professor Abraão Ferreira Zuza, as equipes irão se dividir por zonas e procurar os alunos que  ainda não compareceram às escolas e matricular novos.

“Primeiramente é feito um levantamento junto às escolas, em seguida nossa equipe vai se deslocar até as residências dos alunos. Vale lembrar que esse ano temos uma parceria com a Assistência Social, Conselho Tutelar, Ministério Público e Secretaria de Saúde. Faremos o acompanhamento mensal pra saber se a criança que retornou continua frequentando”, garante Abraão Ferreira Zuza.

De acordo com o professor, os desafios são inúmeros para manter as crianças do município na escola. “A dificuldade mais frequente é a resistência de alguns pais para manter os filhos na escola, pois muitos viajam com os filhos e não informam a escola, outros estão na cidade, mas não incentivam os filhos a frequentarem a escola. Temos que ressaltar que a maioria da nossa população é de baixa renda e sobrevive da pesca e agricultura. Por conta disso, os pais retiram os filhos para o auxílio nessas atividades. Posso citar também as limitações nos serviços de Internet, que é um impasse para fazermos alguns trabalhos on-line”, destaca Abraão Ferreira.

Além disso, o professor ressalta que o objetivo da campanha não se restringe a resgatar e matricular os alunos, mas que será realizado todo o acompanhamento das crianças resgatadas, para que elas permaneçam na sala de aula. “Para isso, também oferecemos apoio de profissionais como psicólogo, pedagogo, assistente social, nutricionista e fonoaudiólogo, a fim de proporcionar um ambiente colhedor e integral para as crianças”, afirma Abraão Ferreira Zuza, coordenador operacional da Busca Ativa Escolar.

Para Lucinete Bezerra, coordenadora de projetos da Visão Mundial, essas ações da Busca Ativa Escolar são necessárias para fortalecer o alcance das metas de (re) matrículas. “Acreditamos que essas campanhas são primordiais para auxiliar os municípios a atingirem as metas de rematrículas que precisam para o Resultado Sistêmico 2 do Selo UNICEF, que é a BAE, e assim, para que todos possam continuar lutando pela garantia do acesso à educação de crianças e adolescentes”, finalizou Lucinete.

Busca Ativa Escolar

A Busca Ativa Escolar é uma estratégia composta por uma metodologia social e uma ferramenta tecnológica disponibilizadas gratuitamente para estados e municípios. Foi desenvolvida pelo UNICEF e pela a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), além do apoio do Colegiado de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). A intenção é apoiar os governantes na identificação, registro, controle e acompanhamento de crianças e adolescentes que estão fora da escola ou risco de evasão.

A Busca Ativa Escolar reúne representantes de diferentes áreas – Educação, Saúde, Assistência Social, Planejamento, fortalecendo, dessa forma, a rede de proteção e o Sistema de Garantia de Direitos da infância e adolescência. Cada secretaria e profissional tem um papel específico, que vai desde a identificação de uma criança ou adolescente fora da escola ou em risco de abandono, até a tomada das providências necessárias para seu atendimento nos diversos serviços públicos, sua (re)matrícula sua permanência na escola.