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Exmo(a). Senhor(a) Prefeito(a),

Dirijo-me a Vossa Excelência para falar sobre um assunto urgente e de vital importantância: a vacinação das crianças do seu município.

A queda das coberturas de todas as vacinas de menores de cinco anos vem sendo observada no Brasil desde 2015. Até esse ano, o País era referência internacional em termos de imunização, sendo o Programa Nacional de Imunizações - PNI, do Ministério da Saúde, considerado um patrimônio nacional e o maior programa público e gratuito de vacinação do mundo. Essa tendência de queda se agravou durante a pandemia do novo coronavírus devido à sobrecarga dos serviços de saúde que provocou o adiamento das aplicações das doses recomendadas e à baixa procura dos serviços de saúde pela população.

Mas as baixas coberturas vacinais no Brasil determinaram o retorno de casos de sarampo e colocaram o País entre os 10 países com maior número de crianças com dose zero para esta e para outras doenças.
O atual cenário de poucas crianças imunizadas abre as portas do Brasil para o retorno da paralisia Infantil (pólio). O Brasil está livre desta doença há 33 anos, graças ao esforço coletivo de todos os níveis de governo e da sociedade, vacinando milhões de crianças ao longo desses anos. Não podemos deixar o vírus da paralisia infantil retornar ao Brasil. Devemos esta luta às crianças.

A paralisia infantil é uma doença grave, não tem tratamento e pode deixar as crianças com paralisia irreversível pelo resto da vida, necessitando para sempre assistência dos serviços de saúde. Das crianças que desenvolvem a forma mais grave da doença, 5% a 10% morrem em virtude da paralisia dos músculos da respiração.

Diante desta situação alarmante, o UNICEF desenvolveu a iniciativa Busca Ativa Vacinal – BAV (que será lançada ainda este ano), inicialmente para os municípios do Selo UNICEF. A BAV promoverá ações práticas para facilitar o aumento das coberturas vacinais, capacitando os profissionais de saúde, educação e assistência social e sensibilizando as famílias quanto a importância da vacinação. Trata-se de uma metodologia de atuação intersetorial e que disponibiliza uma plataforma tecnológica inovadora e gratuita para apoiar os governos locais na identificação, registro, vacinação e monitoramento de crianças não imunizadas ou em risco de não receberem vacinas.

Infelizmente, as campanhas de vacinação não têm mais conseguido reverter o quadro dramático das baixas coberturas vacinais verificadas no País. Entretanto, buscando na comunidade, de casa em casa, nas creches, nas escolas, durante o atendimento nos CRAS e demais serviços oferecidos às famílias e crianças pequenas é possível identificar as crianças não vacinadas para encaminhamento às unidades de saúde. Entendemos que em muitos municípios pode não ser uma tarefa fácil, mas torna-se imperativa neste momento.

A implementação da estratégia Busca Ativa vacinal - BAV no seu município contribuirá para o aumento das coberturas vacinais e atingir a meta de 95%, estabelecida pelo Organização Mundial de Saúde, da vacina Tríplice Viral e Tetraviral, adotada pelo Selo UNICEF como marcador para o monitoramento das metas de todas as vacinas.

Para alcançar este objetivo, o alinhamento com o município é imprescindível de forma a adaptar a iniciativa da BAV para à realidade local. O trabalho coletivo e intersetorial permitirá alcançar as coberturas vacinais desejadas que garantem a imunidade das crianças contra sérias doenças, algumas já erradicadas no Brasil, como é o caso da paralisia infantil.

Mas a busca ativa de crianças para vacinar precisa começar de imediato, independente da disponibilização da plataforma tecnológica da BAV. Quando o UNICEF concluir a testagem do aplicativo, o seu município poderá usá-lo, mas não precisa esperar ele ficar pronto. Em breve vamos dar todo apoio para potencializar ainda mais as ações para a vacinação das crianças do seu município.

Na certeza do compromisso de Vossa Excelência com a vida das suas crianças, rogo que priorize a vacinação de cada uma delas, ao tempo em que reafirmamos a nossa parceria na defesa e promoção dos direitos de todas e de cada criança e adolescente desse e de todos os municípios do Selo UNICEF e do País. 

Cordialmente,

Dra. Cristina Albuquerque
Chefe de Saúde e HIV do UNICEF Brasil.

Brasília, 09 de setembro de 2022.