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Jovem vestindo camisa branca e calça preta fala ao microfone em cima de um palco. Ele está com os braços abertos e segura em uma das mãos um livro

 

Depois de se envolver com o Núcleo de Cidadania dos Adolescentes (NUCA) de seu município, Gilvan Pereira encontrou na participação social uma nova forma de mudar a cidade para melhor. Hoje, além de seguir firme nas atividades do NUCA, ele trabalha num centro de convivência municipal estimulando o desenvolvimento emocional das pessoas através das artes.

 

Ao aderir ao Selo UNICEF, os municípios participantes se comprometeram a ampliar a participação de adolescentes e jovens nas decisões da administração pública. Para isso, os municípios implementaram os NUCAs; chamados de Juventude da Amazônia (JUVA) no território amazônico. Os grupos são uma oportunidade de garantir que crianças e adolescentes reivindiquem direitos, participação e transparência da gestão municipal.

 

Nesta edição do Selo UNICEF, 80% dos municípios garantiram a participação de crianças e adolescentes através da criação de NUCAs. Ao todo, 30.560 meninos e meninas receberam informações sobre temas como direitos sexuais e reprodutivos, prevenção de várias formas de violência e combate à discriminação (confira aqui).

 

Confira o relato de Gilvan, que completa 5 anos de participação no NUCA de seu município. Ele fala sobre os desafios que enfrentou e enfrenta como jovem negro e destaca a importância de incentivar o envolvimento de meninas e meninos nas decisões que impactam sua vida.

 

 

Jovem vestindo uma calça preta e sem camisa posa para câmera em pose de balé

Meu nome é Gilvan Pereira dos Santos, tenho 20 anos de idade e moro com 6 irmãos e minha mãe em Divisa Alegre, Minas Gerais. Sou professor de dança e teatro em um centro de convivência aqui do meu município. Trabalho em várias áreas que envolvem a arte no aprendizado e desenvolvimento emocional das pessoas menos favorecidas.

 

Desde os meus 8 anos de idade, sempre me envolvi com as artes. Já era líder de dança de um pequeno grupo infantil da minha igreja. Mais tarde essa chama se apagou e me vi perdido em meio a dúvidas e perguntas sobre como poderia me refazer e me reconstruir num município que não me oferecia oportunidades de crescer e me desenvolver enquanto artista cultural.

 

Sempre sofri o preconceito na pele e isso me atrapalhou em muitos aspectos, pois o meu emocional ficou abalado por não saber lidar com essas situações. Até que percebi que não era culpa minha e que o problema não estava em mim. O julgamento das pessoas me doía, mas eu sempre tentava me levantar e continua em frente.

 

Nesse momento de questionamentos, recebi o convite de um amigo para integrar as atividades do NUCA. Eles estavam começando e as propostas de revolução e construção de uma cidade onde adolescentes e jovens podiam ter a sua voz ouvida eram muito fortes, o que chamou a minha atenção para me juntar ao grupo. Eu tinha apenas 15 anos!

 

Dentro do NUCA, compreendi que o papel do jovem dentro da sociedade é tentar fazer a diferença e dar o seu melhor para que injustiças não sejam cometidas, para que agressão à diferença do outro não se torne normal. Entendi, também, que participação social é lutar pelo que faz bem para a gente e para a nossa comunidade. Politicamente, socialmente e diretamente com outros jovens. É lutar pelos nossos interesses e do outro, é buscar conhecer os seus direitos e deveres enquanto cidadão. Não esconder a nossa voz é mostrar que nós vamos gritar por melhorias, por uma educação melhor, por um lazer realmente interativo e por cultura.

 

 

Quando entrei no NUCA, percebi que queria uma cidade que incentivasse os seus jovens a conquistarem os seus sonhos. Queria uma cidade que valorizasse os sonhos das pessoas, o seu esforço para realizar mudanças e o compromisso com suas promessas. Gostaria que a cultura fosse realmente vivida e que por meio dela pudéssemos trazer os jovens que se encontram perdidos nas drogas, na prostituição e até mesmo em seus quartos desesperados em suas crises existências para mais perto de seu interior fragilizado, para uma reconstrução do seu intelecto. Gostaria de ser valorizado enquanto um artista local, gostaria de proporcionar uma cidade completa e sem nenhum medo de gritar por nossos desejos. E que eles fossem atendidos.

 

Com essa compreensão, tentei levar a arte para dentro de meus trabalhos no NUCA. A arte está em todo o lugar, e nada melhor do que falar sobre causas sociais do que pela arte. A arte é crítica, comunicativa. A expressão é uma arte que todos devemos pintar nas telas brancas da nossa mente.

 

O que pretendia e consegui fazer através da minha participação no NUCA foi realizar projetos culturais que, além de fortalecer a cultura regional, trouxeram, em forma de teatro, dança, poesias e pinturas, uma crítica informativa para os jovens e a população em geral sobre quem eles são, sobre os seus direitos e deveres enquanto cidadãos.

 

 

 

Jovem vestindo camisa branca e calça preta fala ao microfone em cima de um palco. Ele está com os braços abertos e segura em uma das mãos um livro

Jovem vestindo camisa branca e calça preta fala ao microfone em cima de um palco. Ele está com os braços abertos e segura em uma das mãos um livro

Sobre os NUCAs 

Ao aderir ao Selo UNICEF, os municípios participantes se comprometeram a ampliar a participação de adolescentes e jovens nas decisões da administração pública. Para isso, os municípios implementaram os Núcleos de Cidadania de Adolescentes (NUCA) - chamados de  Juventude da Amazônia (JUVA) no território amazônico. Os grupos são uma oportunidade de garantir que crianças e adolescentes reivindiquem direitos, participação e transparência da gestão municipal.

O Selo UNICEF

A Edição 2017-2020 do Selo UNICEF contou com a participação de mais de 1.924 municípios de 18 estados brasileiros, na Amazônia e no Semiárido. Seu sucesso é resultado da parceria entre o UNICEF e governos estaduais e municipais por meio da atuação integrada entre diferentes níveis de governo voltados às crianças e adolescentes.

Alcançar os mais de 1.900 municípios que participam do Selo UNICEF só é possível graças ao apoio de milhares de doadores individuais e de parceiros corporativos como Amil, Instituto Net Claro Embratel, Fundação Itaú Social, RGE, Enel, Coelba, Cosern, Celpe, BNDES, CPFL, Sanofi, Neve, Energisa, Celpa e Cemar.