Reunião em Aracaju é parte do segundo ciclo de capacitação sobre políticas públicas para crianças e adolescentes
Mais uma etapa de formação a respeito da metodologia do Selo UNICEF aconteceu em Aracaju. Nos últimos dias 9 e 10 de maio, representantes de 44 municípios de Sergipe se reuniram com equipe do UNICEF para o 2o Ciclo de Capacitação do Selo UNICEF. Estiveram no encontro os Presidentes dos Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente, Articuladores e Mobilizadores de cada um dos municípios, além de meninas e meninos que integram os Núcleos de Cidadania dos Adolescentes (NUCAs).
Um dos aspectos debatidos durante a capacitação foi a metodologia de avaliação do Selo UNICEF, incluindo a forma de agrupamento dos municípios para a avaliação, quais indicadores serão monitorados e de que forma isso será feito. A organização do 1o Fórum Comunitário também foi debatida com os participantes, que têm até o dia 31 de agosto para realizar a atividade em seu município. O Fórum Comunitário é o momento em que a comunidade participa da elaboração de um Plano de Ação pelos Direitos das Crianças e Adolescentes que deverá ser executado até 2020, período em que se encerra esta edição do Selo UNICEF.
Com muitas dinâmicas e espaço aberto para escuta e participação, o coordenador do Programa de Cidadania dos Adolescentes do UNICEF no Brasil, Mário Volpi, conduziu o diálogo entre mobilizadores, meninos e meninas integrantes dos NUCAs. No encontro, os jovens participantes debateram e planejaram ações a serem desenvolvidas em seus municípios por meio dos Núcleos.
Um dos municípios que já implantou o NUCA é Divina Pastora. Cleymerson Andrade, adolescente de 16 anos que ajudou a fundar o núcleo na localidade contou que a mobilização de outros adolescentes começou a partir do grupo de teatro “Os Insanos”, do qual ele faz parte. “Hoje, contamos com 9 meninos e 9 meninas”, explicou.
Ele explica que o NUCA de Divina Pastora irá mapear os principais problemas enfrentados pelos adolescentes da cidade para subsidiar os gestores na implementação das políticas públicas voltadas para esta parcela da população. “O NUCA vai ajudar a entender quais são os problemas da cidade e a dar vez aos jovens para que eles tomem a iniciativa e não fiquem só esperando os gestores, os vereadores e o prefeito, pois nem sempre eles ajudam da maneira que queremos. Muitas vezes eles não entendem bem quais são os problemas enfrentados pelos jovens em nossa cidade”, avaliou.
Djan, mobilizador de Areia Branca, conta que o NUCA em sua cidade já conta com 45 adolescentes. “Além desses, temos outros adolescentes que, devido à motivação daqueles que atualmente integram o NUCA, estão apenas aguardando a próxima reunião para participar”, comemorou.
O mobilizador explicou que o resultado positivo no número de adolescentes do núcleo se deu devido à estratégia de mobilização adotada. “Fizemos uma campanha nas escolas, chamando aqueles adolescentes que ‘tem o interesse em mudar o mundo’. Já na primeira reunião, tivemos a adesão de 45 meninos e meninas, que foram orientados a postar nas redes sociais sobre a reunião com a hashtag #PartiuMudar. No dia seguinte, havia várias pessoas querendo saber do que se tratava o Selo UNICEF”, contou orgulhoso.
Avanço nos indicadores sociais
Leonardo Siqueira, presidente do CMDCA e Articulador do Selo UNICEF de Aquidabã, certificado na edição 2013-2016, conta que o município conseguiu melhorar neste período um importante indicador social: a evasão escolar do 5º. Ao 9º. Ano. O município reduziu de cerca de 280 adolescentes fora da escola para pouco mais de 10. “Quase erradicamos a evasão escolar nesta faixa etária, e isso foi uma das melhorias provocadas pelo Selo UNICEF. Vamos agora trabalhar para alcançar essas crianças e inseri-las nas escolas”, comemorou.
Fruto das políticas públicas
Leonardo conta que sua trajetória pessoal é resultado das políticas públicas desenvolvidas no município e do estímulo à participação social dos adolescentes. “As políticas públicas foram fundamentais em minha vida, sobretudo a política de Assistência Social, que foi a porta de entrada para eu exercer o protagonismo juvenil. Comecei participando do antigo PETI - hoje Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos - e passei a me engajar no processo de Conferências dos Direitos da Criança e do Adolescentes e Fóruns de Juventude a partir dos meus 14 anos. Estas ações me motivaram e me fizeram acreditar na juventude, pois passei a ser percebido como sujeito de direitos”, rememorou.
Agora, na condição de jovem de 21 anos, Leonardo se dedica a lutar para abrir espaços de participação para os adolescentes em seu município. “Busco lutar para que o meu município supere as dificuldades que eu encontrei no início de minha caminhada, a fim de que as crianças e adolescentes que estão inseridas nas políticas públicas hoje não enfrentem as mesmas questões. E o Selo UNICEF, com o NUCA, ajuda os adolescentes a ampliar seus horizontes e a empoderá-los”, apontou.