Qual a primeira coisa que vem à sua mente quando se fala em esporte? As Olimpíadas? O Brasileirão? Domingão em frente à TV? Esses são exemplos muito distantes do nosso dia a dia, associados exclusivamente ao esporte de alto rendimento, ou seja, àquela prática intensa com foco na competição e na superação dos limites. Aqui vamos falar de outra relação com o esporte. Nossa proposta é pensar no esporte como uma atividade divertida, interativa, em que todo mundo pode jogar junto: menino, menina, pessoa com deficiência, craque ou amador. 

A isso chamamos de Esporte para o Desenvolvimento, um direito de todas as meninas e todos os meninos, que, além de fazer bem à saúde, contribui para melhorar a autoestima, o equilíbrio físico e psíquico, a capacidade de interação social, a afetividade, as percepções, a expressão, o raciocínio e a criatividade. Com isso, é possível melhorar o controle do corpo e a capacidade de brincar, aprender e fazer amigos. O esporte pode também ajudar a aumentar o interesse e o desempenho na escola. Mas é importante que seja leve e divertido. A prática de esportes pode ainda ajudar a transmitir valores como respeito a regras e limites, estimular a aceitação da vitória ou da derrota, e ajudar a fortalecer as relações de solidariedade.

O direito a praticar esportes está assegurado na Convenção sobre os Direitos da Criança, na Constituição Federal brasileira e no Estatuto da Criança e do Adolescente. Nosso desafio é que ele seja garantido nas escolas, nas praças, nos parques e nas comunidades. O esporte é para todos e todas, e deve ser praticado com respeito à diversidade e às condições físicas e psicológicas de cada pessoa.

Os princípios do direito ao esporte educacional, seguro e inclusivo são os seguintes:

  1. Diversificar para incluir: todas as crianças e todos(as) os(as) adolescentes devem ter oportunidade de praticar esporte. Meninos e meninas jogam, brincam e se divertem juntos. Adaptações como campos e quadras pequenas, bolas mais leves, rede de vôlei mais baixa, aros de basquete de diversos tamanhos e alturas, traves menores são algumas ferramentas para tornar o jogo mais divertido, educacional, seguro e inclusivo.
  2. Conversar para decidir juntos: todos e todas são convidados(as) a discutir como, quando e por que praticar esporte. As regras do jogo devem ser construídas coletivamente, e para tanto é preciso dialogar, saber ouvir, construir acordos e regras, e avançar nas decisões tomadas coletivamente.
  3. Aprender sobre o outro: somos diferentes uns dos outros, mas todos e todas têm os mesmos direitos, que precisam ser respeitados. Aprendemos muito quando jogamos juntos e nos adaptamos para que todos(as) possam jogar.
  4. Liberdade com responsabilidade: jogar é aprender a fazer escolhas conjuntamente, o tempo todo: construir e decidir regras juntos, resolver conflitos pelo diálogo, cuidar do material, ocupar espaços dentro ou fora da escola, mobilizar a comunidade para manter o campo e a quadra bem cuidados. Esse é um exercício de conquista de autonomia em que se compreende que as escolhas interferem na vida de todas as pessoas.
  5. Educar de corpo inteiro: crianças e adolescentes não podem ser divididos em corpo e mente. O esporte contribui para articular habilidades motoras com pensamento e emoções. 

 

Tá na lei – Veja os artigos que asseguram o direito ao esporte e ao lazer:

Convenção sobre os Direitos da Criança:

Artigo 31: 1. Os Estados Partes reconhecem o direito da criança ao descanso e ao lazer, ao divertimento e às atividades recreativas próprias da idade, bem como à livre participação na vida cultural e artística.

Convenção sobre os Direitos da Criança:

Artigo 31: 1. Os Estados Partes reconhecem o direito da criança ao descanso e ao lazer, ao divertimento e às atividades recreativas próprias da idade, bem como à livre participação na vida cultural e artística.

 

Constituição Federal:

Art. 6: São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

SEÇÃO III - DO DESPORTO

Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada um”.

 

Constituição Federal:

Art. 6: São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

 

SEÇÃO III - DO DESPORTO

Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada um”.

 

Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 71: A criança e o adolescente têm direito a informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

 

SEÇÃO III - DO DESPORTO

Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada um”.

 

Estatuto da Criança e do Adolescente

Art. 71: A criança e o adolescente têm direito a informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

 

SEÇÃO III - DO DESPORTO

Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada um”.

 

Conheça, a seguir, alguns projetos na área de Esporte para o Desenvolvimento para inspirar possíveis ações pelo direito ao esporte em seu município.

 

Caravana do Esporte e Caravana das Artes

A Caravana do Esporte e Caravana das Artes, parceria do UNICEF com a ESPN, Instituto Esporte & Educação e Instituto Mpumalanga, é um projeto que percorre todo o Brasil para garantir os direitos das crianças e dos(as) adolescentes mais vulneráveis, e melhorar a qualidade das políticas públicas já existentes nas áreas de educação, esportes e proteção social. Ao longo de mais de 12 anos, a Caravana já visitou mais de 120 municípios em 21 estados brasileiros, oferecendo atendimento direto a mais de 400 mil crianças e adolescentes, e capacitando mais de 50 mil professores. Conheça mais sobre o projeto nos materiais de referência ao final deste Desafio.

 

Portas Abertas para a Inclusão

O projeto Portas Abertas para a inclusão – Educação física inclusiva –  já teve três edições, com impacto sobre milhares de escolas, alcançando 91.954 estudantes em 15 estados brasileiros e certificando 916 educadores. A iniciativa nasceu de uma parceria entre o Instituto Rodrigo Mendes, o UNICEF e a Fundação FC Barcelona (FCB), com o objetivo de formar educadores de diversas regiões do Brasil para apoiar a promoção da inclusão escolar de meninas e meninos com deficiência por meio de práticas esportivas seguras. Conheça mais sobre o projeto nos materiais de referência ao final deste Desafio.

 

ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS PELOS NÚCLEOS DE ADOLESCENTES

 

ATIVIDADE 1.1 – Conhecer e valorizar os talentos esportivos de seu município

1.1.1 – Ação a ser realizada com o núcleo de adolescentes

Promova um encontro dos(as) jovens que participam do núcleo de adolescentes de seu município, e apresente as ideias e os conceitos principais sobre a importância do esporte seguro e inclusivo.

Peça aos(às) adolescentes que relatem se conhecem alguém em seu município que tenha uma história inspiradora sobre o esporte na escola e/ou na vida. Em sua escola, algum(a) professor(a) desenvolve uma maneira interessante de promover o direito ao esporte? Você conhece uma história inspiradora de alguém, talvez um(a) professor(a), um(a) atleta ou um(a) adolescente, que tenha se destacado na área dos esportes?

Após o grupo definir a pessoa de seu município que poderia inspirar o núcleo de adolescentes, definam em conjunto quais adolescentes poderiam fazer contato com essa pessoa e entrevistá-la (a entrevista pode ser por escrito, em áudio ou vídeo).

Elabore um roteiro de perguntas para orientar a entrevista. Seguem algumas sugestões: 

  • Nome completo e idade da pessoa entrevistada. 
  • Como você se interessou pelo esporte? 
  • Que dificuldades enfrentou e como as superou? 
  • Quem apoiou você? 
  • O que você aprendeu com o esporte? 
  • Que recado você daria para adolescentes do município em relação ao esporte?

 

1.1.2 – Ação de mobilização social

O núcleo de adolescentes pode programar uma atividade com outros(as) adolescentes e jovens para debater sobre o que deve ser feito nesse município para garantir o esporte para todos e todas, convidando a pessoa escolhida, além de especialistas ou atletas, para que falem sobre suas experiências.

Depois de editar a entrevista (resumir com os pontos principais, cortando o que não ficou legal), o núcleo de adolescentes irá divulgá-la nas mídias sociais, em rádio e TV, no jornal da cidade, no jornal comunitário ou escolar, entre outras formas de divulgação.

1.1.3 – Ação a ser realizada com a gestão municipal

O(A) mobilizador(a) de adolescentes e jovens vai propor ao Secretário de Esportes do município, ou a outro(a)representante da gestão municipal responsável por esta área, uma reunião com o núcleo de adolescentes, para que possam dialogar e apresentar propostas de como a administração pública local pode valorizar mais o esporte seguro e inclusivo e os talentos existentes no município.

 

ATIVIDADE 1.2 – Promover o esporte seguro e inclusivo na escola e na comunidade.

1.2.1 – Ação a ser realizada com o núcleo de adolescentes

Promova um encontro dos(as) jovens que participam do núcleo de adolescentes para planejar um dia de esporte seguro e inclusivo na escola, numa praça, numa quadra esportiva ou no lugar que seja mais apropriado.

Convide pessoas do seu município que possam ajudar nesse planejamento: professor(a) de educação física ou de outra disciplina, agentes públicos que organizam atividades esportivas, atletas e pessoas que conhecem o tema e possam contribuir.

Identifique quem são as pessoas que menos praticam esportes no seu município: são as meninas, as pessoas com deficiência, as pessoas que vivem nas comunidades mais afastadas do centro da cidade, em um bairro determinado ou de uma vila específica?

Organize o Dia do esporte seguro e inclusivo pensando em como essas pessoas poderiam ser motivadas a participar das atividades. Que adaptações precisam ser feitas para garantir a participação de todos e todas?

1.2.2 – Ação a ser realizada com a gestão municipal

O(A) mobilizador(a) de adolescentes vai propor ao Secretário de Esportes do município, ou ao gestor municipal responsável por esta área, ou mesmo ao(à) diretor(a) da escola (caso a atividade seja planejada para acontecer numa escola) uma reunião com o núcleo de adolescentes para  apresentar a proposta do Dia do esporte seguro e inclusivo, e definir a data, a programação e as responsabilidades no desenvolvimento dessa atividade do Selo UNICEF.

1.2.3 – Ação de mobilização social

Após definir a data e a programação do Dia do esporte seguro e inclusivo, o(a) mobilizador(a) de adolescentes e os(as) integrantes do núcleo de adolescentes vão preparar uma proposta de divulgação para convidar a população do município a participar da atividade.

Usar as mídias sociais e outros meios de comunicação, como cartazes e folhetos, e ir às escolas para divulgar a atividade são algumas possibilidades de divulgação a serem exploradas.

Realizar o Dia do esporte seguro e inclusivo.

Registrar – por fotos, vídeos e por escrito – qual foi a metodologia de inclusão nos esportes criada por vocês, o que deu certo, o que pode ser melhorado, quantas pessoas participaram, qual foi o apoio da gestão municipal, e se essa atividade contribuiu para sensibilizar o município para a importância do esporte. 

ATIVIDADE 1.3 – Mapeamento dos lugares utilizados para a prática de esportes em seu município

1.3.1 – Ação a ser realizada com o núcleo de adolescentes

O(A) mobilizador(a) de adolescentes e jovens pode propor aos(às) integrantes do núcleo de adolescentes que façam um levantamento dos lugares que existem no município para a prática de esportes. Pode ser por meio de uma foto, de um vídeo, de uma lista com o nome do lugar, ou mesmo o endereço ou um ponto de referência.

Com um mapa da cidade, o núcleo de adolescentes pode marcar os locais nos quais se pode praticar esportes, incluindo a informação sobre se é um espaço adequado ou se precisa ser melhorado. 


Exemplos de espaço adequado:

- o espaço é acessível para pessoas com deficiência (pessoas que usam cadeira de rodas, pessoas com deficiência visual, auditiva, mental e/ou outras);

- o espaço é seguro:  a área de atividade – quadra ou campo – é protegida por muros ou grades adequados; é coberta; existe espaço suficiente entre essa área e seu entorno; quando a bola sai da área de atividade, não é perigoso ir buscá-la.

- existem vestiários e banheiros separados para meninos e para meninas.

 

Exemplos do que pode ser melhorado:

- não é acessível para pessoas com deficiência (pessoas que usam cadeira de rodas, pessoas com deficiência visual, auditiva, mental);

- não é seguro: a área de atividade – quadra ou campo – fica à beira de uma estrada; quando a bola sai da área de atividade, é perigoso ir buscá-la; quando chove, a área de atividade não pode ser utilizada devido a alagamentos ou buracos; 

- não existem vestiários nem banheiros, ou existe apenas um, que é usado só por meninos.

Prepare uma lista de locais para atividades esportivas, informando aspectos que favorecem ou dificultam a prática de esporte seguro e inclusivo em cada um deles.

1.3.2 – Ação de mobilização social

Divulgue o mapa e a lista produzidos pelo núcleo de adolescentes, utilizando mídias sociais e outros meios de comunicação, como cartazes e folhetos, entre outras formas de divulgação disponíveis.

Peça que as pessoas enviem ao núcleo de adolescentes informações adicionais para completar o mapa, corrigir alguma informação ou dar sugestões.

1.3.3 – Ação a ser realizada com a gestão municipal

O(A) mobilizador(a) de adolescentes e jovens pode propor ao Secretário de Esportes do município, ou a outro(a) representante da gestão municipal responsável por esta área, uma reunião com o núcleo de adolescentes para que os(as) jovens apresentem o mapeamento realizado e proponham melhorias necessárias para assegurar a prática do esporte nos espaços que são de responsabilidade da prefeitura.

 

Materiais de referência do Desafio 1:

Projeto Caravana dos Esportes: 

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Projeto Portas Abertas para a Inclusão: 

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