Do NUCA para a vida: representatividade e protagonismo adolescente

Representatividade e protagonismo adolescente do NUCA para a vida

A fala de Andriny Nara demarca seus ideais fortemente. Com bastante segurança, a jovem de 19 anos insere o tema do feminismo na discussão. Participante do núcleo de cidadania dos adolescentes (NUCA) de Forquilha (CE), Andriny procura pautar a temática feminista e negra nas discussões políticas para escolas. 

Andriny se colocou enquanto feminista aos 15 anos, momento delicado de sua vida escolar em que se sentia inferiorizada. “Eu sofria bullying porque tenho traços afro e o cabelo cacheado. Foi então que despertei para o feminismo e depois para o movimento negro.” 

A jovem escolheu cursar pedagogia para ser professora e ajudar as meninas que também não enxergam uma representatividade em sala de aula. Foi apenas na faculdade que finalmente ela se reconheceu negra e teve o primeiro contato com o movimento. “A minha aceitação foi muito difícil, porque os outros não me aceitavam.” 

Apesar de agora ter pretensões de seguir a carreira acadêmica e explorar outros cursos, Andriny defende a importância da representatividade negra para crianças e adolescentes dentro da escola e procura levar discussões como essa para alunos do ensino fundamental e médio. “Saber que a outra pessoa parece comigo, é igual a mim, faz totalmente a diferença. Eu senti falta disso quando estava no ensino fundamental.” 

Participando do NUCA, Andriny descobriu um espaço para discutir e levantar a bandeira das suas causas no município, principalmente dentro da escola. Em uma das experiências marcantes, a jovem compôs uma mesa de conversa sobre cidadania democrática, promovida pelo seu NUCA em uma escola do município. Nesse momento, ela aproveitou para levantar a importância do feminismo e a representatividade da atuação da mulher na política.

“Eu já discutia democracia na universidade, mas achei muito importante levar a discussão para as escolas de ensino médio - e outros temas também, como sexualidade. São temas que pouco se debatem nas escolas, mas que permeiam nossas relações”, destaca. Ela também já teve a oportunidade de promover e participar, junto com o grupo, de audiência na câmara dos deputados em que as vereadoras ministraram uma palestra sobre participação da mulher na política.

Andriny ressalta que o NUCA é espaço para ampliar a voz dos adolescentes e garantir o protagonismo em suas temáticas de interesse. “Eu espero que a gente promova bastante debate na escola sobre suicídio, sobre depressão, sobre gênero, sobre feminismo. Porque foi a partir do movimento feminista eu me enxerguei como mulher, como negra, como uma pessoa dentro da sociedade.” 

O Selo UNICEF
A Edição 2017-2020 do Selo UNICEF conta com a participação de mais de 1.900 municípios de 18 estados brasileiros, que assumiram junto ao UNICEF o compromisso de implementar políticas públicas para redução das desigualdades e garantir os direitos das crianças e dos adolescentes previstos na Convenção sobre os Direitos da Criança e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
 
A experiência com as edições anteriores comprova que os municípios certificados com o Selo UNICEF avançam mais na melhoria dos indicadores sociais do que outros municípios de características socioeconômicas e demográficas semelhantes que não foram certificados ou participaram da iniciativa.