Atualmente, a internet faz parte de quase todos os momentos da vida dos(as) adolescentes. Conhecer gente, namorar, conversar, aprender, fazer compras... tudo parece estar associado ao uso das tecnologias. Sem medo das inovações tecnológicas, as novas gerações parecem não desgrudar do celular, usado quase como uma extensão do próprio corpo. Verdade? Sim e não. Segundo a pesquisa TIC Kids Online 2016, realizada pelo Comitê Gestor da Internet, no Brasil ainda não têm acesso à internet 5,2 milhões de crianças e adolescentes de 9 a 17 anos de idade. Os mais desconectados vivem na zona rural e nas regiões Norte e Nordeste, e pertencem às classes D e E. O desafio da inclusão digital torna-se preocupante quando pensamos em quantas oportunidades um(a) jovem que não tem acesso à internet perde de aprender, de conseguir um estágio, de se informar.

 

Já os(as) adolescentes que têm acesso à internet costumam usá-la para fins educacionais e de recreação, para aprender e para curtir. Até aí, tudo bem. O problema é como equilibrar o uso saudável da internet com alguns riscos inerentes a esse uso: conhecer alguém que pode não ser exatamente quem você pensou que fosse, brincar num tom mais agressivo, ou ficar mal com a zoeira sem limites, alimentar brincadeiras de mau gosto ou acreditar em inverdades. Mesmo tendo nascido após a internet, os chamados “nativos digitais” nem sempre sabem se safar dos perigos da rede. Para usar a internet com sagacidade, é preciso desenvolver uma série de competências, habilidades e atitudes que dependem de aprendizados que vão além do conhecimento da tecnologia, como por exemplo:

  • Ter pensamento crítico;
  • Ser capaz de resolver problemas de maneira criativa;
  • Consumir conteúdo de maneira criteriosa, diferenciando fatos, opiniões e argumentos;
  • Produzir conteúdo com qualidade, sabendo defender sua ideia com argumentos consistentes;
  • Compreender os elementos culturais que se expressam na internet e usufruir deles;
  • Desenvolver a criatividade;
  • Participar de debates sobre seus direitos e de decisões na escola e na comunidade, exercendo a cidadania;
  • Ser capaz de trocar ideias com pessoas de diferentes culturas, opiniões, gostos, respeitando a diversidade e aprendendo com ela;
  • Ser capaz de atuar de maneira colaborativa, criando e participando de redes e coletivos.

 

Para desenvolver essas competências, você pode contar com o apoio da família, de professores(as), de amigos(as), de livros e alguns manuais disponibilizados por instituições que promovem a segurança na internet. 

 

Uma delas é a Safernet, uma organização não governamental que dá as seguintes dicas sobre o uso seguro da rede: a Internet não é uma terra sem lei. Para que tudo fique bem, é importante lembrar das responsabilidades de quem está na rede:

  • Promover o bem-estar de todos; 
  • Respeitar a diversidade de culturas, personalidades e opiniões; 
  • Não disseminar preconceitos de cor, gênero, religião, orientação sexual, de origem social ou de qualquer outro tipo. Liberdade de expressão não pode ser confundida com xingar alguém nas mídias sociais. Você pode aproveitar a sua liberdade de expressão para reclamar de um serviço mal feito, denunciar um político corrupto, ou mesmo dar uma indireta. Mas você não pode usar esse espaço para, por exemplo, discriminar alguém.
  • Buscar fontes confiáveis de pesquisa; 
  • Não reproduzir materiais que não foram feitos por você como se fossem de sua autoria. Caso venha a usá-los, dizer sempre o nome do autor; 
  • Evitar encaminhar e-mails para todos os contatos, ou seja, não praticar spam
  • Não encaminhar e-mails com a listagem de remetentes anteriores para que os contatos de pessoas conhecidas não parem em mãos mal-intencionadas. 

 

Riscos na rede

Em 2016, entre crianças e adolescentes que utilizam a internet, cerca de um quarto (23%) afirmaram não ter gostado da maneira como foram tratados(as), que foram maneiras ofensivas ou desagradáveis. 

 

42% declararam que tiveram contato na rede com alguém que não conheciam. Desse grupo, 22% chegaram a se encontrar pessoalmente com pessoas que não conheciam, e 4% disseram que se sentiram desconfortáveis após esse encontro, ou seja, sentiram constrangimento, medo ou que não deveriam ter ido. 

 

Entre usuários(as) de 9 a 17 anos de idade, 41% declararam ter presenciado alguém sendo discriminado na rede. Isso equivale a dez milhões de crianças e adolescentes no país. 

 

Entre os diferentes tipos de discriminação identificados na internet, o mais comum foi relacionado a cor ou raça, mencionado por 24% dos(as) usuários(as) de internet entre 9 e 17 anos de idade. Outros tipos de discriminação envolveram aparência física (16%), relacionamento com pessoas do mesmo sexo (13%) e religião (10%). 

 

Já o percentual de crianças e adolescentes que utilizam a rede e sofreram diretamente algum tipo de preconceito na internet foi de 7%.

 

Fonte: Pesquisa TIC Kids Online 2016, CGI, 2017

 

 

 

Os números ilustram como as situações de violência psicológica que acontecem fora do ambiente virtual são reproduzidas na internet com maior potencial de disseminação e, portanto, com consequências mais impactantes para quem está envolvido.

 

Os crimes de ódio estão no topo da lista de denúncias recebidas pela Safernet, e o mais comum deles é o racismo. Em 2016, a organização recebeu mais de 35 mil denúncias, envolvendo quase 11 mil páginas. O resultado? Mais de duas mil foram tiradas do ar. 

 

O discurso de ódio é um problema grave na internet. E todos concordamos que a dignidade de cada pessoa deve ser protegida, e que há certos comportamentos que não podem ser tolerados na rede, como a apologia à violência, a misoginia (desprezo às mulheres) e o racismo.

 

Se você estiver navegando por aí e encontrar mensagens:

  • que promovem algum tipo de discriminação por raça, por origem nacional ou por etnia que tente restringir as liberdades e os direitos de determinado grupo;
  • que fazem propaganda de ideias ou teorias baseadas na superioridade de uma raça, como o nazismo;
  • que incitam a violência, a hostilidade e a discriminação contra alguém ou algum grupo,

 

 

você deve denunciá-las. Isso pode ser feito na própria plataforma (Facebook ou Twitter, por exemplo) ou no canal de denúncias da Safernet. Veja mais nos materiais de referência ao final deste Desafio.

 

A internet é um espaço público, como as ruas, as praças e as praias. Muita gente navega por aí, tanto amigos como pessoas desconhecidas. Por isso, é preciso ter muita atenção e cuidado ao utilizá-la, para aproveitar com mais segurança as incríveis possibilidades que ela oferece, e se esquivar dos riscos. 

 

Canal de ajuda

A Safernet também oferece o serviço de ajuda contra crimes e violações dos Direitos Humanos na internet. A equipe de atendimento é formada por psicólogos com treinamento adequado para atender, orientar e encaminhar denúncias, quando necessário, com respeito, anonimato e sigilo sobre tudo o que for dito. Caso você esteja passando por alguma situação que ocasione danos a você ou a terceiros, entre em contato por e-mail ou chat, de segunda a sexta, das 14h às 18h (horário de Brasília). Veja mais nos materiais de referência ao final deste Desafio. 

 

ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS PELOS NÚCLEOS DE ADOLESCENTES

 

ATIVIDADE 4.1: Internet Sem Vacilo em seu município

 

4.1.1 – Ação a ser realizada com o núcleo de adolescentes

 

Para esta atividade o(a) mobilizador(a) de adolescentes deverá buscar um espaço onde haja acesso à internet e convidar os(as) participantes do núcleo de adolescentes. Se seu município não tem cobertura de internet, entre em contato com o escritório do UNICEF responsável por seu município para providenciar o material necessário para esta atividade em um pen drive (informações de contato na página de rosto desta publicação).

 

Em grupo, o núcleo de adolescentes pode assistir aos vídeos, de um minuto cada, da Campanha #InternetSemVacilo, disponíveis nos materiais de referência deste Desafio.

 

Após assistir aos vídeos, os(as) adolescentes podem debater em grupo se os temas abordados nos vídeos fazem parte de seu cotidiano.

 

Algumas perguntas para ajudar no debate: 

Você ou alguém que você conhece já teve a foto vazada? Ou compartilhou uma foto recebida? Já teve sua privacidade invadida na internet? Já precisou lidar com situações desconfortáveis por causa de um relacionamento ou uma amizade na rede?  Já observou casos de intolerância religiosa, preconceito, desrespeito? Quando situações desagradáveis na internet acontecem, a quem você costuma pedir apoio? Qual seria o papel da escola para que as pessoas adquiram o conhecimento necessário para usar a internet de maneira saudável, sem correr riscos nem ofender ninguém?

 

Para que o núcleo se conheça melhor, sugerimos que cada um faça o teste (quiz) que identifica seu perfil nas mídias sociais. Veja nos materiais de referência deste Desafio. 

 

Depois do debate, o núcleo pode organizar uma campanha pela utilização segura da internet por adolescentes de sua cidade, abordando temas que mais os(as) afetam.

 

O grupo pode se inspirar na campanha do UNICEF “Internet Sem Vacilo”, mas deve produzir seu próprio material, abordando as questões específicas da sua região.

 

4.1.2 – Ação de mobilização social

 

Uma vez concluído o material produzido na oficina do núcleo de adolescentes, é hora de ir para as mídias sociais, para as escolas, para os meios de comunicação presentes em seu município, e divulgar esse material.

 

Ao compartilhar o conteúdo nas mídias sociais, sugere-se o uso das hashtags #InternetSemVacilo e #SeloUNICEF.

 

4.1.3 – Ação a ser realizada junto à gestão municipal

 

Juntamente com o(a) mobilizador(a) de adolescentes de seu município, o núcleo de adolescentes pode agendar uma reunião com o(a) representante da gestão municipal responsável pelo acesso gratuito à internet nas escolas, para avaliar como esse acesso tem sido utilizado em seu município  em favor da melhoria da qualidade da educação. Se não houver escolas com acesso gratuito à internet em seu município, o grupo pode aproveitar para dialogar sobre como o município pretende buscar soluções para garantir esse direito a professores e estudantes.

 

ATIVIDADE 4.2: Identificar e divulgar redes, grupos e instituições de apoio a crianças e adolescentes que sofrem ameaças ou violação de direitos na internet 

 

4.2.1 – Ação a ser realizada com o núcleo de adolescentes

 

O(A) mobilizador(a) de adolescentes pode convidar o núcleo de adolescentes a fazer uma lista de pessoas, sites, blogs, materiais que ensinam como se defender diante de situações como mensagens de ódio, intolerância, preconceito ou outros comportamentos nocivos que ocorrem na internet.

 

O núcleo de adolescentes pode convidar pessoas que contribuam para o desenvolvimento de habilidades digitais, desenvolvendo redes de apoio para adolescentes e jovens, com possível participação de professores(as) ou outros adultos de referência que possam ajudar a criar soluções para situações de risco na internet.

 

Além disso, sugere-se convidar também os chamados “influenciadores digitais” – pessoas que criaram um perfil, uma página ou um canal nas mídias sociais para divulgar suas ideias, formando uma audiência cativa ou um grupo fiel de seguidores. Por meio das mídias sociais, essas pessoas acabam influenciando a maneira como pensamos e nos comportamos. Faça um mapeamento desses(as) influenciadores(as) e peça que ajudem a divulgar as mensagens de seu núcleo.

 

Como resultado desse diálogo, o núcleo de adolescentes pode elaborar um cartaz com as dez atitudes mais importantes para se proteger na internet, e a quem recorrer quando se vivencia uma situação de risco.

 

4.2.2 – Ação de mobilização social

 

Uma vez elaborado o cartaz sobre as dez atitudes mais importantes para se proteger na internet, o núcleo pode buscar apoio para reproduzi-lo e distribuí-lo em escolas, centros de saúde, Centros de Referência em Assistência Social (CRAS) e outros locais públicos, e também a “influenciadores digitais”.

 

Uma cópia digital do cartaz na forma de banner pode ser postada nas mídias sociais e compartilhada em diferentes meios. O importante é fazer a mensagem chegar ao maior número possível de pessoas da sua cidade e da sua região.

 

4.2.3 – Ação a ser realizada com a gestão municipal

 

Com apoio do(a) mobilizador(a), o núcleo de adolescentes  pode propor à Secretaria de Educação que defina um dia de reflexão nas escolas sobre a utilização segura da internet por adolescentes, usando como base as informações sistematizadas para elaborar o cartaz das dez atitudes mais importantes para se proteger na internet.

 

Materiais de referência do Desafio 4:

 

Canal de Denúncia da SaferNet: http://new.safernet.org.br/denuncie

 

Canal de Ajuda da SaferNet: http://new.safernet.org.br/helpline

 

Vídeos da campanha #InternetSemVacilo:

 

Sobre cyberbullying/sexting: 

https://www.youtube.com/watch?v=QNNWZsW2cHA 

 

Sobre privacidade: 

https://www.youtube.com/watch?v=uhQJ9PtMcIs 

 

Sobre relacionamentos on-line: 

https://www.youtube.com/watch?v=zSxYvm1QE68 

 

Sobre busca de informações com segurança: 

https://www.youtube.com/watch?v=jok8JWyaXTM 

 

Sobre preconceito e intolerância: 

https://www.youtube.com/watch?v=ehMAdF7Dlt4&t=5s 

 

Teste (quiz) para saber qual é o seu perfil nas mídias sociais: 

https://www.unicef.org/brazil/pt/multimedia_30069.htm#quiz